sábado, 31 de outubro de 2015





Sinto o frio das mãos que tocam ao de leve a febre que me assalta.Saístes sem que me apercebesse.O nu pernoita no corpo febril da ausência.Por vezes tento entrar, procurando-te onde menos sei...Lugares teus escondidos de mim...Afastada do alcance ébrio dos teus braços, navego nas águas que por magia, abrem passagem aos meus pés que flutuam no espaço.Deixo-me ir à deriva,um encontro prévio sem destino.Desatino!..Insane loucura de palavras proferidos sem eco. O regresso sem lugar.Da ausência permanente fiz-me de afectos e ternura.Inebriada,mergulho dentro de uma dor sem abrigo.Contemplo a noite sem estrelas.Prometes-te-me uma noite de luar,as estrelas esconderam-se para lá do horizonte...O universo perturbado deu-me o sono da noite.





Célia M Cavaco / Desvios




Porque tento chegar ao mar da vida,se tenho todas as marés por navegar? Todas as luas, para, por força de vontade nadar nas maresias do meu acordar. Ah,se eu por todos os caminhos marítimos naufragasse as minhas vontades,que bom seria, mergulhar o corpo no baptismo da água fria,e rejuvenescer os anos que se perderam sem orientação,onde o desnorte ficou com a bússola da felicidade. Sem ventos,o catavento deixou à deriva...O barco sem remos,os braços cansados, de remar contra todas as marés e tempestades. Sempre em contramão,onde vou,tu regressas...Não fosse as gaivotas,o meu cansaço nunca atracaria no cais, onde a luz do farol aguarda o meu descanso...






Célia M Cavaco / Desvios






Arte: Brita Seifert

sexta-feira, 30 de outubro de 2015





Não sei, porque me nego ao tempo,se, por ele tenho de passar,se nele tenho de habitar,todas as horas, todos os dias, com acertos, encontros ou desencontros.
Não sei,porque me nego ao tempo, a ele pertenço por direito,sendo ele dono e senhor de todas as minhas escolhas...Presto-lhe eterna vassalagem,sou escrava, porque o tempo que me é dado,é contado todos os dias. Quer goste ou não,os ponteiros do relógio adiantam-se em sintonia com os dias no calendário.O tempo, conta as saudades, nostalgias,e ausências...O tempo intensifica a vivência individual,um enigma,uma influência móvel que marca a diferença em cada um de nós.
Não sei,porque me nego ao tempo,se me consagro sua companheira,cúmplice na expansão que me é permitido viver o meu tempo...






Célia M Cavaco / Desvios

quinta-feira, 29 de outubro de 2015





Que importa o amarrotado da roupa,o cabelo desalinhado,as rugas vincadas de dormir sobre o braço,que ampara a tranquilidade do sono...
Quando o acordar a teu lado é mais um dia de aventura?... Quantas folhas,quantas páginas escrevemos e virámos juntos? É mais um dia das nossas vidas! O quente da cama, um aconchego ao corpo cansado e envelhecido.A intimidade,aliou-se à maturidade.É bom desenhar a ternura, com o desejo abrigado no olhar de memórias.Somos os mesmos,com os anos contados por cada noite deitados lado a lado sem mágoas,nem zangas adiadas.Tudo era no momento,a ternura e o respeito escrito nos votos de permanecer para a vida.Recolher com as mãos, a sábia juventude do amor para sempre.No espelho, os cabelos brancos contam a história.Nos teus olhos, revejo a eterna alegria de viver a dois.
(...)






Célia M Cavaco / Desvios






Imagem: Google

quarta-feira, 28 de outubro de 2015





Por tantos sonhos aprisionados,as palavras evadiram-se na transparência do silêncio.Ganharam voo de aves flutuantes, entre as nuvens do sonho e o sono.É como se procurassem a coerência dos deuses ás dádidas prometidas; À concretização de visões reveladoras,espera-se o gozo de serem amantes nos murmúrios sinuosos da noite; A envolvente penumbra, precipita-se para os braços abertos!... Minúcia pormenorizada do sonho, isenta as ténues manhãs sem claridade.A construção do sonho,renasce, fecundo às perspectivas. Oiço-te, no amplo respirar, onde me enleio, olhando-te no visceral acordar. Sonho da noite inextinguível!...








Célia M Cavaco / Desvios







Arte: Brita Seifert




Mãos vazias.Outrora as mesmas mãos, repartiam todo o amor que podiam guardar.Cobriam o rosto com o afago dado no momento certo.Vestiam o corpo frágil sem vontade de viver.Um corpo que queria partir...As mãos tinham um amor maior para cuidar,para aquecer o coração com a bondade na ponta dos dedos. As mesmas mãos,hoje, abrigam uma dor repartida,a privação de se sentirem inúteis na vontade de continuar a aliviar o desalento no rosto onde o sofrimento é ruído.Há mãos voluntárias ao amor.O dar sem receber,é a maior recompensa das mãos que amam e cuidam. As mãos, são palavras com gestos, irradiam suavidade na escuridão de quem só sente com o coração.Na ponta dos dedos, depositam-se dúvidas e desamparo quando as memórias são apenas rumores.Sem ver,as mãos dão todo um colorido no reflexo de um olhar inexistente...






Célia M Cavaco / Desvios




Imagem: Wallpapers (Hands)

terça-feira, 27 de outubro de 2015





Quando a despiu,surpreendeu-se que a nudez tivesse uma marca.Tacteou com a mão toda a cicatriz que cobria uma grande parte do corpo. Chorou pelo momento intimo. Cada beijo,foi uma secção de cura.Um limpar de emoções estranhas e escondidas.Quando o amor vê a beleza interior,e cuida da exterior com um cuidado tão terno que valoriza a intimidade do toque...É esse amor que dói, custa pensar quanto dura a eternidade.Querer que fique para sempre, sabendo que um dos dois cumprirá uma partida marcada sem seguro.É tornar perpétuo a recordação desse amor. Aos poucos,a dor amansa. Segurar a mão que suaviza a cicatriz exterior,quando é a cicatriz interior que curou...Todos os galhos quebrados,como um emaranhado de gestos vazios.





Célia M Cavaco / Desvios

segunda-feira, 26 de outubro de 2015



Desnuda as palavras,dá-lhes a liberdade de voarem ao encontro de todos os sentires.Usa-as com paixão.Escreve amanheceres, dores de todas as partidas,  clausura de solidão para todas as memórias. Inunda de adjectivos todas as palavras proferidas como se faltasse a cor de poderes escrever sentimentos.Que todos os medos sejam afastados,que todas as paixões prevaleçam como herança descritiva do que foi o primeiro amor; Aquele que amareleceu num bilhete sem nexo,mas guardado num beijo escondido...
Que através de ti,a palavra fale,escreva baixinho aquele choro manso de lágrimas dependuradas em gotas de orvalho. Que o brilho dos teus olhos sejam cristal ao alcance da mão que limpa a tristeza.Escreve o desapego das coisas que não te pertenceram.Escreve todas as palavras segredadas que foram promessa desmentidas pelo tempo.Escreve o desassossego das lembranças que podes recordar.Escreve para que eu possa navegar de encontro às tuas palavras e guardar o rascunho da primeira linha com que iniciaste o teu livro.







Célia M Cavaco /Desvios

domingo, 25 de outubro de 2015




Nada mudou,a chuva de ontem persiste hoje com mais intensidade. Com os vidros embaciados pela respiração,a chuva teima em fazer lembrar-me de outros dias de chuva.Aqueles em gostava de ficar na cama até mais tarde,porque era domingo, e porque chovia.A combinação perfeita para um dia de preguiça. Já passou tanto tempo...
Hoje chove, incomoda-me a chuva,a hora mudou e acordei cedo porque a hora mudou...
Tento secar o corpo encharcado de tantas lembranças.Ultrapassar as nuvens escuras onde a chuva acamou todas as lágrimas sem esperança. Chove,as minhas mãos limpam o rosto molhado,a sensação de outras mãos acariciando as minhas é como uma inundação de calor,um manto de afectos que me cobre de amor,um amor de sensações e cheiros...
Já passou tanto tempo...
De tanto chover,sinto o corpo molhado de ausência de gestos, de beber as palavras frescas das tuas mãos; De tocar o manto que me cobria de sonhos.Chove,o silêncio vem buscar todas as sensações e emoções de outros tempos.Apetecia-me imenso dormir,na posição fetal encolher-me à sensação de ouvir a tua voz...a tua voz...







Célia M Cavaco / Desvios


sábado, 24 de outubro de 2015








De ti, sei caminhos, lugares imaginados,
madrugadas inesperadas,lugares vazios desencontrados
Silêncios permanentes, manhãs comuns, nubladas heresias...
Pássaros errantes perseguem sombras fugitivas.
De ti, sei as mãos ásperas da ternura esquecida.
O fogo que arde sem aquecer,o doer descontente...
Permaneço na espera anunciada,aguardo a eternidade
renascida das cinzas sem lume...
De ti, sei os labirintos,a nudez perfeita da lua, na pele da
noite,a memória das estrelas iluminam angustias matinais,
o afago recontado no vago improviso.
De ti,sei a cor do olhar,o deslizar agitado do vento que
cobre as palavras que clamam o poema que não existe.







Célia M Cavaco / Desvio

quinta-feira, 22 de outubro de 2015





Busco nos recônditos abstractos, a memória do corpo.Os presságios abraçam-me,entorpecida, reajo amarrada à inocência.As palavras resistem,sobrevivem os desejos no caminho da peregrinação.Vivo em metamorfose,fragmentos de pensamentos ambulatórios. Inquieta-me a invisibilidade da alma.Procuro insistentemente seguir-te.Apeteces-me nas palavras,que não sei escrever.Calo a ousadia do que não sou.Fico nas margens com as mãos cheias de ausência. Não te esqueças de permanecer...Tudo o resto,respiramos em direcção ao mar (...)





Célia M Cavaco / Desvios

quarta-feira, 21 de outubro de 2015






As palavras transcendem o poeta,o enamoramento, cruza o eterno olhar da melancolia desajustada à vivência dos amantes. A noite enche a boca de palavras que beijam pecados inquietos e escondidos nas entrelinhas...
O fascínio desenha sombras em partículas de suor. Toma-se o amor em fragmentos poéticos.A linguagem do poeta incendeia o corpo,do improviso, nasce todas as estrelas destinadas a iluminar o céu.






Célia M Cavaco / Desvios



Visto-me de trapos,que são mortalhas no meu corpo, 
as pétalas o perfume que se desprende da pele.
À ausência prendi a paciência,à compaixão
extenuei as lágrimas do amor exorcizado.
Instalei-te na mais pura imaginação,exalei o prazer
da carência,demoradamente transformo o gesto no
gemido perpétuo...
No mínimo, insisto em escrever-te palavras pensantes
desfrutando o silêncio do que somos...






Célia M Cavaco / Desvios





Foto: Rosita Delfino





(...)
Não me acordes no meio do sonho. Ainda que impossível,sonho uma realidade que construo com o meu desassossego. Envolvo-me nas cores impossíveis,pinto em aguarelas os meus sonhos difusos.Sou uma aprendiz na procura da felicidade. Seguro as tuas mãos,prendo-as num entrelaçar de dedos.Reacendo o sonho,somos o contorno de um labirinto de infindável ternura. As cores primárias iluminam um quadro de afectos.Ouço o sussurrar da minha voz,a pedir que fiques entre o côncavo de um abraço permanente...Como um nó por desatar,quero-te assim...Improviso!...Um único gesto, torna-se uma deliquência manipulada.A intimidade espalha-se na travessia do sonho.Acordo,afasto-me da razão da minha existência.O quadro ainda é esboço,procuro a magia das cores.O sonho transcende a realidade,a essência permanece dentro do meu instinto.Tu!...O abismo do desconhecido...








Célia M Cavaco / Desvios

terça-feira, 20 de outubro de 2015






Despi-me de preconceitos. Vesti todos os farrapos da pobreza.
Senti todas as privações,a vontade de voar, respirar das fatigadas carências.A descoberta do arco-íris no céu,que em toda a sua intensidade após as tempestades oferece-nos o esplendor da vida,do direito ao amor próprio.O livre arbítrio do dar e receber.Na primeira colho a serenidade e a ternura, Com a segunda,a esperança e a confiança que me permite ser solidária e construtiva nos ajustes da minha personalidade. Acrescento dias à vida que reajusto no agradecimento e na generosidade com que acordo todos os dias...Procuro a harmonia comigo mesma...






Célia M Cavaco / Desvios







Arte; Daniela Zekina

segunda-feira, 19 de outubro de 2015




No canto do vento,sopram todos os segredos.O prolongado desassossego,sussurra nomes ocultos em rimas de poesia.Esquivo-me à voz,que de fundo tráz a tristeza. O vento, em lamento amotina o voo das aves peregrinas das tempestades da noite.Como gaivotas em pouso,longe da tempestades,descanso o corpo sem gestos.Ouço o canto do vento,como naufrágios de solidões.Recolho as vestes rasgadas às lágrimas de chuva que acompanham o vento. Seco as emoções, no bater de asas com que liberto o vento, hasteado nas palavras soltas dos versos que me deste..






Célia M Cavaco / Desvios

domingo, 18 de outubro de 2015





As tuas mãos,as minhas mãos.Um trocar de excessos,velas recolhidas quando os ventos devoravam tempestades.
Nossas mãos tomavam rumo sem endereço,clandestinas mutilavam a avidez incessante da navegação à procura de abrigo onde amarrassem todos os gestos do sextante.Tu e eu,velejadores de todas as marés.As vagas ocultavam neblinas,as águas rebentam o nascer de outra vida.As tuas mãos cortam o cordão umbilical.As tuas mãos,as minhas mãos deram à vida,um outro nascer.Na corrente,deixei-me adormecer depois de todas as dores...





Célia M Cavaco / Desvios

sábado, 17 de outubro de 2015





Nem todos os dias são chuva,
nem todos os dias aproximo 
o corpo à procura de acordar
o teu, com o vento nas minhas
mãos cheias de tudo para te
dar,nem todos os dias encontro
a outra idade que vivemos.
Nem todos os dias são passado,
nem todos os dias são futuro...
O belo,é a inconsciência da juventude
com que vivemos a demorada despedida
do que existiu dentro de nós.








Célia M Cavaco / Desvios




Pela noite adentro,o silêncio invade-me o espaço.Um espaço criado pela intimidade,pela excentricidade,pela vontade de viver dentro da meditação,um espaço individualista;Procuro neste silêncio, diálogos longos com a música,com os livros,com os lápis onde rabisco desenhos aleatórios.Desenhos com finalidade terapêutica; tal como as palavras um escape emocional que aprendi como defesa,para evadir-me do turbilhão emotivo com que por vezes me deparo nos silêncios.Sem voz,os desenhos são palavras,e as palavras são ecos.O teu rosto,inventei-o, desenhei-o sem nenhum esboço; mas nas palavras, ganhou vida,até ao ínfimo pormenor do que de ti espero...Libertar o poema,soltar os limites da expressão com que te identifico.Possivelmente ,peço-te que venhas sentar-te junto de mim,para ouvir o teu olhar falar o que a mim alimenta... A alma,a minha maior companheira,a mais resistente e complicada expressão de sobrevivência.Apercebo-me que sem ti,a minha energia, esvoaça na busca do poema com que penso completar a tua existência.Volto a esperar a noite,para formalizar a imagem do teu rosto.





Célia M Cavaco / Desvios





Arte: Menoevil

sexta-feira, 16 de outubro de 2015




Porque te demoras?
de cansadas esperas
disperso-me em divagações
cúmplices num horizonte de memórias
contadas em gestos de mãos cansadas.
Há um caminho sem tempo,debruço-me
no itinerário das lembranças sem retorno.
Aprisiono-me na incidência das palavras
esvoaçantes na geometria do teu rosto.







Célia M Cavaco / Desvios








Arte: Jon Boe Paulsen






Há sempre uma razão de existir.Talvez por isso mesmo, encaro a vida de uma maneira simples.Apesar de como pessoa,ou melhor, como mulher ser e ter bem mais que um simples modo de vida.Procuro estar de bem comigo mesma.Tiro todo o proveito desta maneira de ser; Gosto de pessoas,gosto dos amigos,os de sempre,os de agora,e até aqueles que terminaram a sua missão neste mundo conturbado.A Esses continuo a fazer-lhes as perguntas de sempre, a pedir-lhes respostas que sempre precisei, um apoio moral,um afago de ternura,um conselho de como agir em determinada hora... É uma mais valia, para me manter saudável na minha mente por vezes confusa.Ninguém é igual a ninguém,nem  o podemos exigir. Seria o descalabro total.Todos diferentes,todos iguais é um lema que uso enquanto humanista que sou.Não fico indiferente àqueles que por maldade magoam para proveito próprio,não fico indiferente à maldade do ser humano para com o outro; A indiferença é uma causa que abomino.Mantenho uma relação profunda,com o que possa favorecer a desistência,não acredito que a desistência traga a felicidade a alguém; A negação é abominável quanto dentro de qualquer um de nós há um potencial não de religião,não de ideologia política,mas de respeito ao nosso semelhante. Apesar de tudo,há uma interrogação que faço diariamente frente ao espelho.Porque será a beleza invisível ao olhar?...







Célia M Cavaco / Desvios

quinta-feira, 15 de outubro de 2015




O poente escurece o crepúsculo
o corpo insinua-se na retrospectiva
do sono que há-de vir de mansinho.
A intensidade do dia multiplicou-se
por gestos de rotina.
O equilíbrio está entre a sombra e
a escuridão,o corpo cai inerte ao
 descanso.
O sono povoa-se de rostos desconhecidos
O crepúsculo matutino despertou-me a
consciência,procuro-me na existência do
que resta de mim.Se eu conseguisse de
repente parar o tempo..







Célia M Cavaco / Desvios






Arte: Kim Nelson





Esta noite espero-te
onde o mar espraia
as lágrimas dos corais.
Sentei-me nas dunas
dos sentimentos.
O vento tentou levar-me,
as dores suavizaram
na areia molhada...
ali fiquei,até o sol estender
os braços à madrugada.







Célia M Cavaco / Desvios

quarta-feira, 14 de outubro de 2015




No vento vêm as palavras,que se perderam.No vento voam as que não se gostam de ouvir. Sempre foi assim,palavras levas-as o vento...
Sempre as palavras,as ditas no momento menos próprio e que magoam uma eternidade. Outras,que guardamos eternamente num cantinho só nosso,o do coração.A palavra Amor,tão terna,tão duradoura quanto o tempo de vida que a fazemos guardar na nossa memória. Há palavras eternas quanto o tempo,o mesmo tempo que não é eterno,faz as palavras eternizarem-se pela escrita. Um bilhete do primeiro namorado,quantas vezes se lê e relê aquele amor primeiro...Uma carta que se recebe de alguém que amamos e que está longe.Uma carta a anunciar uma despedida,uma ausência... Hoje,as palavras entraram em mim,magoaram-me com a confusão com que se anunciaram.Palavras tristes,palavras magoadas...




Célia M Cavaco / Desvios







Nos meus lábios,o beijo desencadeou 
a sedução,a tua boca de pureza fonte
deu-me de beber até à vertigem.
Reajusto o sabor que me devolve os
sentidos,contorno a sede,dou-te de beber
o culto e sôfrego néctar,renasces no provar
da sede insaciável com que ambos bebemos
o elixir perpétuo...








Célia M Cavaco / Desvios








Arte: François-Henri Gallant

terça-feira, 13 de outubro de 2015




Pela minha pele as tuas mãos ganhavam vida.Percorriam distâncias alisando o corpo sedento de vida por vida. Os teus dedos lestos era teclas de ternura. Eu, a pauta onde tocavas a suave música sentida por nós os interpretes.Tantas as horas partilhadas na mesma cama,que a timidez resvalava à procura do quente que me fazia rasgar o corpo ocupado em adormecer.Ganhamos ambos a influência de enrugar o corpo pelos anos.Mesmo assim,o ontem é hoje, as mesmas mãos,o mesmo toque de dedos ainda aquece o corpo frágil.A música tornou-se melodia anarquista,os gestos são descontrolados,a ternura...A ternura tornou-se sinfonia. A minha pele,a tua pele arrepiou os engelhados dedos das mãos oblíquas da vida.






Célia M Cavaco / Desvios






Imagem: Google

segunda-feira, 12 de outubro de 2015





Porque de silêncios vivo
guardados como Pandora
folheados seriam um livro
contado na primeira pessoa
a história por revelar,escrita
sem medos de se saber o
final,porque o princípio é
afinal o começo de tudo
o final um tempo ainda com tempo

de escrever por quem escolheu
ser a personagem principal...








Célia M Cavaco / Desvios