Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
terça-feira, 1 de setembro de 2015
À beira mar, na areia húmida começou a escrever nomes ao acaso, nomes de pessoas que fizeram parte da sua vida. Os tais que amamos,e nunca,por nada deste mundo, queremos que partam.Uma onda pequena,apagou as letras. Voltou a escrever os nomes,pessoas que fizeram parte de um percurso,que num acaso, encontrou em vários lugares e momentos que fizeram crescer a amizade profunda e duradoura. Depois o tempo se encarregou de dispersar,tudo se modificou,mas a amizade foi permanecendo em datas festivas, ou encontros casuais...
A onda voltou, tímida,suavemente a apagar os nomes. Suspirou,ficou a olhar o horizonte,parecia que o mar pegava com o céu. As leves nuvens,que mais pareciam farripos de algodão, dispersavam-se em amena velocidade,atrasadas, sem pressa de chegar a outro lugar do mundo,como que a levar mensagens daqui,dali (...) A maré foi-se afastando,a cada olhar a onda se afastou calma e serena lavando os nomes no marulhar do mar.
Voltou a escrever na areia húmida,desta vez escreveu "Saudade". Palavra indefinida,saudade é dor? Saudade é nostalgia? Saudade é recordar sorrisos? Saudade é como o Amor...Saudade é saudade de ter o que nunca foi nosso,mas,que recordamos nas memórias como posse. Um doce feito pela mãe,um abraço dado por amigo, a secretária da escola onde tantas vezes olhávamos o mundo para além da janela. Crescer,sair de casa para voos mais altos. Embalar o berço,o colo dado às lágrimas. O riso,que virou beijo. Saudade é palavra que se escreve todos os dias.Um nome que nunca se esquece,dura uma eternidade (...).
Célia M Cavaco / Desvios