quinta-feira, 16 de julho de 2015






Que as estações do ano reponham as devidas etapas. Que o nascer e cair da folha faça renascer outras vidas. Que (ela) possa olhar-se no reflexo das nuvens do outono. As folhas caídas das árvores matizem o chão, fazendo um tapete que será varrido pelo vento leve sem turbulência.Que a paz se reencontre nos pincéis molhados nas cores,verdes,castanhos, e laranja escuro.Que o quadro tenha a marca das mãos; as mãos que sempre pintaram as ternuras partilhadas. Que o Outono lhe pinte os cabelos da cor da Hera. Que o tempo seja favorável nas partidas de todas as aves. Que o primeiros pingos de chuva lhe caíam no rosto. Que os olhares para lá dos vidros da janela,seja embaciado pelo cheiro da compota que fez na cozinha na tarde das partituras de Schubert. Que as castanhas não tardem no fumo da chaminé alta,onde o sapatinho pelo natal faça o sonho da criança que foi...
Que o inverno chegue nos agasalhos que vestem a pele na carícia da solidão. As tempestades e ventos sejam suaves aos medos das mulheres e homens do mar.Depois... que chegue os primeiros botões de flores,as azedas amarelas pintem o verde da Primavera.As despidas árvores escolham as cores que desejarem. As andorinhas cheguem em traje de gala dos anos anteriores com a vontade de dar novos voos (...) Depois,e antes de tudo não esquecer o som de Vivaldi no raios de sol que entram no corpo das estações anteriores. Depois,que ela não se esqueça de pintar o cabelo da cor de Hera...e recomeçar...as folhas de outono caídas no chão onde os anos cansam o caminhar do corpo,que envelheceu desde a estação anterior...






Célia M Cavaco / Desvios