terça-feira, 16 de junho de 2015




Tantas foram as marés,tantos foram os horizontes que o sol descansou.Tantas foram as aves que de regresso voaram para lá da serra. Quem me dera,também eu descansar horizontes em cores matizadas de verão.Que os meus passos marcassem compassos na serenata de Schubert; que sei eu, senão imaginar que escrevo o que não sei se posso sentir,que sei eu,senão pedir aos céus misericórdia para os meus devaneios loucos,quanto só posso pecar nos sonhos imaginando um farol que ilumina a praia sem descanso na procura insane da tua possível chegada.Que sei eu,senão ler poesia de outros que me atormentam com a ousadia das palavras que gostaria de ter escrito, e declamado em segredo na noite em que me ouves pelo vento que passa.Que sei eu,nesta minha loucura de amores tantos,quanto os anos em que aprendi a sorrir com o olhar sem nada dizer.Tudo é segredo,um dia,o atrevimento é ousadia, como a lua que teima em amar o sol e só brilha à noite.Um dia,uma noite, escreverei o tal poema que ouvirás no murmúrio do que ainda não sei dizer.Palavras,palavras são os que as minhas mãos me levam no que não sei. Um dia,também eu chegarei com o voo dos pássaros,em sintonia de uma poesia que me atrevi a escrever-te.



Célia M Cavaco / Desvios


Foto: C.M C