segunda-feira, 30 de setembro de 2019



Quem escreve que o primeiro amor acontece bem cedo,talvez na adolescência,ou a entrar na idade adulta está redondamente enganado.Assim pensava ela distraída nos seus pensamentos soltos de pura imaginação. Olhou para o rio,o horizonte nublado não deixava ver o azul que demarcava o céu e a terra,tudo igual,o azul escondera-se,o céu estava escuro,a chuva tornar-se miudinha e chata,nada a fazer num dia como este que estava a tornar-se habitual todos os dias. Nublado com nuances de sol,ou chuvoso e melancólico.Encolheu os ombros,enroscou-se no seu próprio colo. Divagou pelos pensamentos inicias...
Talvez o Amor seja só para gente jovem,o amor foge à idade quando o corpo também quebra,o amor,dizem não tem idade para acontecer...pura ilusão.O Amor é caprichoso e egoísta,gosta da beleza exterior,gosta de ver com os olhos deixando a essência de parte.
Doía-lhe o corpo,cambaleante, estreitou os braços aos afectos.Lembrou-se dum outro abraço que a apertava como se nunca tivesse fim. O Amor tem princípio,nunca deveria ter um fim para quem quer que fosse. O Amor tem partida,tem ausência,depois,tem uma saudade que fica orgulhosa e teimosa ...O Amor,pensou para si mesma,o amor é feito de fragilidades ambulatórias,é como ter febre,ora vem,ora vai,nunca para sempre. O Amor é ele mesmo um eterno vagabundo,até aprender a dar-se por inteiro não tem morada fixa,Percorre caminhos imperfeitos pensando que logo ali...há uma paragem definitiva. Não há! Quanto muito,há um amor confuso que quer aprender a amar-se como se fosse único...
A chuva continua,o sol vagueou para outras paragens,pensou,como se pode regressar a algo  que tinha como azul um arco íris,e...a chuva, continua teimosamente a cair. Num acto de fé,num Deus que mora em algum lugar,sorriu...amanhã,talvez o sol se reacenda nesse azul infinito entre a terra, o mar, e o céu...




Célia M Cavaco,In DESVIOS






Foto:Cmc