quinta-feira, 24 de agosto de 2017




Chegou o cair da folha,com o anoitecer o frio ; A casa isolada antecipa a urgência de acender a lareira. No interior a luz incide sobre sombras dispersas . O quadro inacabado no cavalete confere-lhe   a aparência de abandono. O exílio tornou-a intrusa dum lugar onde em tempos habitou risos e felicidade. Ainda se ouvem passos, os móveis,os cheiros, murmuram abandono. A voz sobrepõe-se ao interdito silêncio, o pensamento vagueou . Os olhos buscaram memórias na cama vazia .Na luz terna do olhar as estrelas brilhavam sobre os seus olhos que teimavam repousar sobre o  peito .Os lábios falavam beijos pousados na boca. O sono inquieta-a ,adormece,persegue o vulto do anoitecer. A lua deliberadamente deita-se ao seu lado. Pede-lhe as mãos para ouvir o murmúrio do vento como quando adormeciam na penumbra onde o amor se deitava quieto de cansaço (...)











Célia M Cavaco,In Desvios