sábado, 3 de outubro de 2015





Um sono que parecia profundo,alertou-lhe os sentidos. Descobriu-se nua na cama feita de desamparo.A lua teima em cobrir o corpo cansado pelo peso do lençol .Alguém na noite, canta uma canção de embalar,a letra entra pelas frestas do sonho. Volta a adormecer de mãos vazias,o corpo febril despojado de ciúmes inventa-se deliberadamente no ritual dos teus dedos.Entras devagar,cobres com palavras cada pedaço de pele.O corpo emerge sonâmbulo na encenação urgente do ponto final. Tudo começa,tudo tem um final.O exílio dos afectos foi o primeiro acto. O conflito reclama a ausência de sensibilidade. Chamo o sonho, deliberadamente a emoção tem a experiência das noites sem endereço. Procuro-te nos subúrbios ,encontro-te na curva dos abraços,a distância anula-se no sinal de ternura existente nas tuas mãos.







Célia M Cavaco / Desvios







Arte: Dimitar Voinov Jr.